Sábado 23 de Novembro de 2024

O desporto é o mais belo das coisas inúteis!

PanathlonlogoEsta foi uma das frases lançadas pelo psicólogo Jorge Vieira (actual presidente da Federação Portuguesa de Atletismo) no debate que o Panathlon Clube de Lisboa levou a efeito (via WEB) intitulado “Jogos Olímpicos adiados: Inevitável, mas … e os atletas?”.

Respondendo ao desafio deixado por José Esteves, o moderador, a propósito do que é o maior bem humano que existe relativamente ao adiamento dos Jogos Olímpicos e da crise que se vive a propósito do Covid-19, Jorge Vieira esclareceu que a frase é da autoria de um filósofo alemão e que confrontou com a realidade actual, em que o mais importante é salvar vidas do que pensar em desporto.

Na sessão, transmitida na plataforma Zoom, cerca de uma centena de agentes do desporto ouviram as opiniões dos cinco oradores, como foram os casos de Susana Feitor, vice-presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO); Pedro Roque, director técnico do Comité Olímpico de Portugal; Jorge Vieira, psicólogo e presidente da Federação Portuguesa de Atletismo; Carlos Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória e Ivo Quendera, técnico nacional na Federação Portuguesa de Canoagem.

Foi feita uma abordagem aos temas mais prementes nesta fase no que se refere ao estado da “saúde” (física e psicológica) dos desportistas já apurados para os jogos e as diferenças (de estado) que podem surgir até Julho de 2021, quando termina o novo prazo de obtenção de mínimos, falando-se também das adaptações que se tem que operar dentro de um conjunto de outros condicionamentos que, de forma geral, são difíceis de contextualizar nesta altura, sendo que seja preciso dissipar todas as dúvidas, o que só acontecerá quando houver ou uma vacina ou tratamento específico para que o Covid-19 não se “intrometa” mais na vida dos desportistas.

Neste campo, Pedro Roque, director-técnico do COP, foi bem explícito ao dizer que “primeiro está a saúde”, pelo que “o COP cooperará com os departamentos médicos das federações para que tudo corra da melhor forma, ainda que não se saiba quando poderá haver liberdade total para se dizer que o caminho está livre”, acrescentando que o “COP está disponível par ajudar também na questão dos apoios financeiros ao projecto Tóquio’2021”, se bem que, referiu “talvez nem todos possam sair ilesos desta situação”.

Para Susana Feitor, presidente da Comissão dos Atletas Olímpicos, “uma das situações mais preocupantes, além da saúde, é o facto de os nadadores não poderem, treinar na piscina, que é o meio ideal para melhorar a performance, o que causa um elevado stress”, com alguns atletas a poderem pensar que “2021 não é para mim, enquanto para outros isto pode ser uma porta aberta, considerando que para 2020 as hipóteses eram mais reduzidas”, tendo ainda salientado que “o Japão, por ser a cidade organizadora, tinha planeado um elevado número de provas de qualificação, o que agora não se sabe como vai acontecer”, afirmando ainda que “é difícil garantir a motivação que os atletas já tinha, face ao stress, pelo que o caminho está mais complicado”.

Jorge Vieira salientou ainda que “o desejo não se pode confundir com a realidade quando o impensável se tornou uma realidade inevitável”, tendo os atletas que “definirem estratégias para criarem factores de motivação e liderança, não esperando que o técnico tenha que fazer tudo”, pese embora “no atletismo, porque não é uma modalidade de contacto pessoal, a situação de treino e competição seja diferente da maior parte das outras modalidades”, tendo concluído que “os atletas ora apurados podem ser ultrapassados por outros, face ao alargamento do prazo, terem um abaixamento de forma e criar, entre si mesmo, aspectos psicológicos não positivos, o que aumenta o grau de dificuldade, independentemente da questão da saúde de cada um, como referi”.

Carlos Magalhães, médico, para além do factor específico da saúde geral, questionou “sobre que condições se vão reiniciar os treinos”, tendo opinado que “cada Federação deverá implementar o seu plano, porquanto cada modalidade tem um nível de risco diferente”, acrescentando também que, “face à indefinição do momento, apelo aos atletas olímpicos que se mobilizem para tentar recuperar estes meses em que estiveram parados”, defendendo ainda que “todos estes atletas deveriam fazer um teste serológico para se certificarem que não estão afectados”.

Ivo Quendera, responsável pela modalidade de paracanoagem para os Jogos Paralímpicos, defendeu que “terá que haver adaptações específicas em relação a todos os atletas, ou a sua maioria, porquanto há várias disciplinas”, tendo ainda em consideração que “as rotinas que existiam vão ter que ser readaptadas e não se sabendo como os atletas vão reagir”, tendo realçado um caso específico de um atleta que garantiu uma vaga para o país mas que, agora, não sabe se poderá ser o próprio ou será outro a ocupar essa posição.

Ivo Quendera deixou ainda a interrogação sobre “quem garante a imunidade dos atletas?”, terminando ao afirmar que “o espírito do movimento criado para os Jogos Paralímpicos de 2004 é para manter”.

Mário Almeida, Presidente do Panathlon Clube de Lisboa, agradeceu a colaboração não só dos oradores e dos ouvintes e mostrou-se “satisfeito pela forma como decorreu este colóquio, em especial pelo tema escolhido”, tendo acrescentado que “em Maio teremos outra acção mas de âmbito internacional”.

 

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