O Comité Olímpico de Portugal divulgou, este domingo, um comunicado emitido pelo Comité Olímpico Internacional (COI) no qual se ficou a saber que os Jogos continuam marcados para Tóquio e este ano, ainda que não tenha sido divulgada a sua confirmação, o que só deverá ser conhecido daqui a um mês.
O teor da missiva subscrita pelo COI é o seguinte:
“Para salvaguardar a saúde de todos e contribuir para a contenção da Covid-19, o Comité Executivo (CE) do Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou que o COI vai intensificar o planeamento de cenários para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.
“Esses cenários estão relacionados com a modificação dos planos operacionais existentes para a realização dos Jogos em 24 de Julho de 2020 e também para a alteração da data de início dos Jogos. Esta etapa permitirá uma melhor visibilidade do rápido desenvolvimento da situação da saúde em todo o mundo e no Japão. Servirá de base para a melhor decisão no interesse dos atletas e de todos os demais envolvidos.
“Por um lado, há melhorias significativas no Japão, onde as pessoas recebem calorosamente a Chama Olímpica. Isso poderia fortalecer a confiança do COI nos anfitriões japoneses no sentido de poder, com certas restrições de segurança, organizar os Jogos Olímpicos no país, respeitando o princípio de salvaguardar a saúde de todos os envolvidos.
“Por outro lado, há um aumento dramático de casos e novos surtos de COVID-19 em diferentes países, de diferentes continentes. Isso levou o CE à conclusão de que o COI precisa dar o passo seguinte no seu planeamento.
“Vários locais essenciais para os Jogos poderiam já não estar disponíveis. Os milhões de noites reservadas em hotéis seriam extremamente difíceis de gerir, e o calendário desportivo internacional para, pelo menos 33 modalidades olímpicas, teria de ser adaptado. Estes são apenas alguns dos muitos outros desafios.
“Portanto, além do estudo de diferentes cenários, seria necessário o total comprometimento e cooperação do Comité Organizador de Tóquio 2020 e das autoridades japonesas, e de todas as Federações Internacionais (FI) e Comités Olímpicos Nacionais (CON). Também exigiria o comprometimento e a colaboração dos radiodifusores detentores de direitos e dos nossos principais patrocinadores, como parte do seu valioso e contínuo apoio ao Movimento Olímpico, bem como a cooperação de todos os parceiros e fornecedores dos Jogos. É nesse espírito de compromisso compartilhado das partes interessadas os Jogos Olímpicos, e confrontado com a deterioração da situação mundial, que o EB do COI iniciou hoje a próxima etapa no planeamento de cenários.
“O COI, em total coordenação e parceria com o Comité Organizador de Tóquio 2020, as autoridades japonesas e o Governo Metropolitano de Tóquio, iniciará discussões detalhadas para concluir a sua avaliação do rápido desenvolvimento da situação mundial da saúde e o seu impacto nos Jogos Olímpicos, incluindo o cenário de adiamento. O COI está confiante de que finalizará essas discussões nas próximas quatro semanas e aprecia muito a solidariedade e a parceria dos CON e das FI no apoio aos atletas e na adaptação do planeamento dos Jogos.
“O CE do COI enfatizou que o cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 não resolveria nenhum dos problemas nem ajudaria ninguém. Portanto, o cancelamento não está na agenda.”
Após a reunião do Comité Eexecutivo, o presidente do COI, Thomas Bach, escreveu à comunidade global de atletas para dar uma explicação da abordagem adoptada pelo COI.
Na carta, Bach afirmou, mais uma vez, que salvaguardar a saúde de todos os envolvidos e contribuir para conter o vírus é o princípio fundamental, tendo acrescentado que “as vidas humanas têm precedência sobre tudo, incluindo a realização dos Jogos. O COI quer fazer parte da solução. Portanto, a nossa prioridade é proteger a saúde de todos os envolvidos e contribuir para conter o vírus. Desejo, e todos estamos a trabalhar para isso, que a esperança que tantos atletas, CON e FI dos cinco continentes expressaram seja cumprida: que no final deste túnel escuro que todos juntos estamos a atravessar, sem saber por quanto tempo, seja a Chama Olímpica a iluminar.”
Depois da reunião e em carta endereçada aos atletas, o presidente do Comité Olímpico Internacional referiu que “o cancelamento não iria resolver nenhum problema nem ajudar ninguém”, tendo acrescentado que “tal como os atletas, o Comité também está com o dilema de que o cancelamento dos Jogos destruiria o sonho olímpico de 11.000 atletas dos 206 comités olímpicos nacionais, da equipa olímpica de refugiados do COI e, muito provavelmente, para os atletas paralímpicos”.
Entretanto, a World Athletics (antiga Federação Internacional de Atletismo), mostrou-se disponível para estudar a possibilidade de um adiamento e reformulação do calendário de provas, enquanto a Federação norte-americana deu mostras que há poucas condições para se concretizarem os jogos, sabendo-se que o atletismo é uma das rainhas dos Jogos.
Uma chama que continua “branda” e que só poderá conhecer um aumento de energia depois em meados de Abril, quando se fizer o balanço do pico da crise que o Covid-19 continua a provocar em todo o mundo.