Sábado 23 de Novembro de 2024

Jornalismo de investigação com primazia para a década até 2030

83973157_3065515243481535_748069056833126400_nJornalismo de investigação com primazia para a década até 2030 nas conclusões do debate sobre Integridade que CNID e SIGA promoveram em Lisboa.Comemorando o terceiro ano da sua existência precisamente na cidade onde foi apresentada mundialmente, a SIGA (Sports Integrity Global Alliance ou Aliança Global para a Integridade no Desporto, na versão portuguesa), em parceria com o CNID-Associação dos Jornalistas de Desporto, promoveu um debate sobre a Integridade Desportiva 2020-2030, intitulada “Os grandes desafios da Década, na perspectiva dos Media”.

Com a sala de conferências do Museu do Desporto recheada de jornalistas dos principais órgãos da comunicação social, nomeadamente desportivos – além de outros actores ligados ao desporto – concluiu-se que se torna indispensável ter arrojo para “mudar o presente para procurar o futuro”, como referiu Emanuel Medeiros, o açoriano que é o CEO da SIGA que, nestes três anos tem sido um líder “muito à frente” na luta pela integridade no desporto, conquistando parceiros em quase todo o mundo e garantido um trabalho profícuo, nesta primeira fase, de divulgação e promoção dos valores mais nobres nos vários tipos de abordagem que integram esta área (bem debilitada de valores), cada vez mais abrangente.

Como foi recordado, o grande “caso” mundialmente conhecido foi o escândalo e a corrupção que se abateu sobre a FIFA, no caso da escolha do local para a fase final do mundial de 2022, o que levou o FBI (2015) a meter as mãos na “massa” e trazer a lume o mais alto “flagelo” neste âmbito, situação que acabou com a mudança dirigentes que estavam nos órgãos sociais da FIFA e de outras estruturas, nomeadamente as continentais que estavam interessadas nos processos e que, “mais facilmente”, poderiam ter aderido.

Daí para cá, deixando a Liga Europeia de Futebol, onde também foi CEO, Emanuel Medeiros lançou-se na criação da SIGA que, desde 2018, passou a liderar a SIGA e, de forma constante e célere, a aumentar consideravelmente o valor do trabalho que foi desenvolvendo, com os seus pares, um trabalho de inegável qualidade e reconhecido por todo o mundo apenas três anos depois.

Daí que mais de uma centena de organizações e parceiros tenham promovido uma unidade em torno da procura dos valores da integridade para “atacarem” a corrupção que grassa por todo o lado, para além de outras actividades que se encaixam também neste âmbito, como a manipulação dos resultados desportivos, a dopagem e a viciação nas apostas desportivas.

Com esta acção a SIGA pretendeu ajudar a cumprir os crescentes desafios à integridade, promovendo um amplo processo de consulta sobre quais serão os maiores desafios enfrentados pelo desporto durante a actual década e o que precisa ser feito para salvaguardar a integridade e criando, ao mesmo tempo, um conjunto de boas práticas que, segundo Emanuel Medeiros, “serão divulgadas no encontro marcado para 24 de Março próximo, em Nova Iorque, quando será divulgado um plano amplo e mais exigente, sendo que já temos um acordo com a UEFA no sentido de se implementar as regras que forem definidas até à referida data, para além de outras que sejam produzidas em função do que se entender ser o melhor para diminuir a influência da corrupção na actividade desportiva mundial”.

IMG_4744O CEO da SIGA trouxe à colação a “responsabilidade dos dirigentes dos clubes e destes serem como que reféns das claques”, ao mesmo tempo que notou “a queda do investimento público no desporto”, tendo deixado o desafio para que “seja invertido o paradigma de pouco ou nada se fazer para melhorar significativamente o que existe”.

Rosa Pinto, jornalista da SIC, sente-se desalentada, como referiu, com o jornalismo desportivo, onde a falta de tempo para confirmar uma notícia é factor relevante, não positivo, para a credibilidade da informação a divulgar, tendo “condenado” o “discurso de ódio” que está cada vez mais enraizado na sociedade desportiva deste país.

António Varela, ex-director adjunto de “Record” e Director de Comunicação do Comité Olímpico de Portugal partilhou uma frase escrita pelo jornalista americano Howard Cosell que, um dia, salientou que “o desporto é o departamento de brinquedos da vida humana”, defendendo que “os jornalistas tem de ser independentes de qualquer política governamental”.

José Manuel Ribeiro, director de o “Jogo”, também salientou algumas situações que se vão observando e para as quais ainda não foram encontrados “antídotos”, enquanto Vítor Serpa se referiu à forma de estar dos clubes e dos seus dirigentes perante um conjunto de acções que poderiam – e deveriam – promover para a sua própria integridade.

Nas conclusões, Emanuel Medeiros teve ainda oportunidade de salientar que é “preciso antecipar os problemas e as situações duvidosas para que, com independência e ousadia, a SIGA possa “furar” o tecido onde se movem os arautos da desgraça”, tendo relevado ainda o CNID por ter “conseguido reunir um elevado número de jornalistas que, em Portugal, podem fazer um trabalho inegável na descoberta de vias de acesso aos prevaricadores, através da investigação, o que dará uma ajuda preciosa”.

Nos temas em discussão e na “perspectiva dos Media”, no que aos “Desafios e plano de acção para o futuro” respeita, Vítor Serpa, José Manuel Ribeiro e Sérgio Krithinas – respectivamente directores de “A Bola” e o “Jogo” e director-adjunto de “Record” – a par de Alexandre Afonso, Coordenador de Desporto da Antena 1 – ficou a certeza de que farão o que for possível para ajudar a tornar um mundo mais livre destes malefícios.

João Paulo Almeida, director-geral do Comité Olímpico de Portugal e um dos membros mais conhecedor e activo desta temática dentro da SIGA, salientou que o “pior sítio para analisar qualquer situação é estar atrás da secretária”, tendo salientado a importância da comunicação social para “se dizerem as coisas”, tendo incentivado os jornalistas a “investigar e a publicar o que seja significativo para se diluir os corruptores e os corruptos” nas sociedades que se querem livres mas mais responsáveis.

Para Manuel Queiroz, presidente do CNID e parceiro da SIGA, “a presença nesta acção é o sinal mais que evidente de que os jornalistas desportivos de Portugal estão dispostos a cooperar com o que seja importante para a sua função, estando o CNID imbuído do espirito da procura de valores correspondentes ao que merece o desporto, nas múltiplas áreas de intervenção, disposto também a inovar e a responder aos desafios que se exigem”.

João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto, saudou a iniciativa pela pertinência do tema em debate, dando conhecimento que o governo tem implementado vários programas dentro desta matéria, como informação, formação, prevenção e sancionamento, tendo considerado que o assunto é importante para todos, pelo que cada um deverá fazer a sua parte.

Para um tema relativamente recente, uma plateia repleta de conteúdo humano que deixou uma luz para iluminar os caminhos do amanhã. O que foi muito bom.

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