Considerando o facto de que, em Tóquio, a temperatura e a humidade terão elevada prevalência na altura dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020 – o que é prejudicial para os atletas – o Comité Olímpico de Portugal debateu este tema com os técnicos e pessoal médico das Federações que têm atletas integrados no Projecto de Preparação Olímpica.
Depois de várias competições que aconteceram no último verão em Tóquio e ainda do Campeonato do Mundo de Atletismo em Doha, entendeu-se que era o momento certo para potenciar a partilha das expectativas e realidades que se encontraram em competições que serão semelhantes àquelas que se prevêem para o próximo ano na cidade de Tóquio.
João Sousa (Ténis), João Vieira, Ana Cabecinha e Salomé Rocha (Atletismo), Patrícia Esparteiro (Karaté) e João Silva (Triatlo) partilharam as suas experiências nestas competições e foram unânimes nos três pontos que mais podem condicionar a prestação desportiva dos atletas em condições extremas de temperatura e humidade: hidratação, conhecimento e experiência prévia no local e modelação das condições de treino.
As questões relacionadas com viagens, alojamento, alimentação e transportes, entre outros, estão também a ser acomodadas entre as Federações e a Chefia de Missão, para que o impacto no desempenho dos atletas seja o menor possível, para que estes se possam apresentar na sua melhor forma.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera está a colaborar com o COP para que as condições adversas sejam mitigadas – desde identificação dos valores de temperatura e humidade médios a previsões específicas para cada local de competição.
Por agora, são previstas temperaturas máximas de 29,2º em Tóquio e 24,9º em Sapporo (onde poderão realizar-se as provas de maratona e marcha) com humidade média de 77%.
A aclimatização do organismo a estas condições é essencial para assegurar um bom desempenho em competição, ideia também vinculada por Amândio Santos, fisiologista da Federação Portuguesa de Atletismo, que acompanhou a preparação e competição no Campeonato do Mundo em Doha, com condições atmosféricas bastante semelhantes às previstas para Tóquio 2020.
A Direcção de Medicina Desportiva do COP esteve também presente no evento, com as suas unidades de medicina, nutrição e psicologia, tendo reforçado a disponibilidade para colaborar com as Federações desportivas na preparação dos processos de aclimatização dos atletas que integram a Missão de Portugal, tanto nos planos de nutrição, como de sono e superação de jet lag, entre outros.
De facto, as condições adversas que podem vir a sentir-se na capital nipónica podem ser vistas como uma oportunidade se bem preparadas antecipadamente. Isso mesmo foi destacado pelo Director Desportivo do COP, Pedro Roque, na abertura do evento. “As condições serão adversas, mas só temos duas opções: ou não vamos, ou vamos bem preparados. E ir bem preparados é a nossa opção”, disse.
A mesma mensagem tinha sido já enfatizada pelo Presidente do COP, José Manuel Constantino: “Queremos que os nossos atletas estejam os mais bem preparados para estes desafios”.