No que foi o 621º jogo da selecção principal de Portugal, que a equipa nacional venceu, esta sexta-feira, no Estádio José Alvalade, o principal facto de relevo – para além do triunfo luso – foi a “chapelada” protagonizada por Cristiano Ronaldo ao minuto 65, que fez sobrevoar a bola sobre a cabeça do guardião Anthony Morris, do Luxemburgo, no que foi o golo (2-0) da tranquilidade quanto à vitória lusa.
Mais um golo a revelar a categoria do capitão português, que aproveitou uma falha do defensor para “roubar” a bola e dirigir-se para a baliza adversária para fazer o referido “chapéu” de forma imaculada, como só ele sabe fazer.
Portugal começou como se impunha – pela necessidade de ganhar e porque os 47.305 espectadores presentes também assim o queriam e apoiaram muito bem a equipa – com a pressão devida para que os golos aparecessem, com maior ou menos dificuldade, porquanto o Luxemburgo há muito deixou de ser o tal “pequeno” que perdia por muitos, como se verificou no longínquo dia 19 de Março de 1961, quando Portugal aplicou uma “chapa seis”, no que foi o primeiro encontro entre os dois países.
Se bem que, no mesmo ano, os luxemburgueses se “vingaram” ao vencerem (4-2) no jogo da segunda mão, a verdade é que, mais tarde (2005), o mesmo resultado (6-0) voltou a ficou registado, depois dos 5-0 em 2004. De 2012 até aos dias de hoje, Portugal venceu mais três jogos mas com “scores” bem mais baixos, tal como se verificou esta sexta-feira, no que foi o 16º encontro entre os dois países.
E por história, registe-se que o Estádio José Alvalade não recebia jogos da selecção desde 4 de Setembro de 2015 (derrota (0-1) ante a França e em jogo de preparação.
No entanto, nem tudo foram rosas.
Tendo pela frente uma linha defensiva com cinco jogadores e mais uma linha média com 3/4 jogadores, as dificuldades foram muitas para que os comandados de Fernando Santos conseguissem abrir “brechas” suficientes para que os pontas de lança e médios pudessem entrar e rematar, pelo que os remates feitos, a maior parte das vezes fora da área, não acertaram no alvo.
Foi preciso uma pequena “abertura”, pela direita, provocada por Nelson Semedo, ao conseguir fintar o defesa que surgiu pela frente, chegando perto do guarda-redes, que desviou o remate do defesa luso mas para o centro da área onde estava Bernardo Silva, que rematou pela certa quando decorria o minuto 16’.
Passaram-se mais quinze minutos de pressão quase total da formação portuguesa, mas os visitantes defenderam-.se muito bem, começando a sobressair o guarda-redes Morris, que foi mantendo a baliza inviolada.
E quando contra-atacou, o Luxemburgo ainda tentou criar alguns “calafrios”, ainda que de pouca monta, porquanto Rui Patrício estava atento e pouco defendeu.
Bernardo Silva e Nelson Semedo mexeram muito bem os “cordelinhos” e tanto atacaram como defenderam, ante prestações menos da maioria dos restantes jogadores, ainda que Danilo também tivesse estado bem na transição da defesa para o ataque.
No entanto, o intervalo chegou apenas com o golo de Bernardo Silva.
No segundo tempo, a situação não se alterou demasiado, por um lado porque manteve-se sempre no comando das principais operações, enquanto os luxemburgueses só de vez em quando – quiçá consentido pela formação lusa – ainda que criando algumas situações que podiam ter tido outro fim mas que não se concretizou.
A meio deste segundo tempo, surgiu mais um golo para a história de Ronaldo, como foi recebido na altura, e a situação psicológica da equipa nacional melhorou um pouco, ainda que a “produção” de jogo de qualidade não tivesse uma qualidade suficiente para que os golos tivessem surgido com maior acuidade, o que foi “sentido” por quem assistiu ao vivo.
Ronaldo caiu três vezes na grande área (duas logos nos primeiros minutos e uma aos 74’) mas o árbitro entendeu nada assinalar, ainda que a última tivesse sido tocado pelo defesa de forma mais visível. Ficam as dúvidas.
Estranhou-se o facto de Fernando Santos não mexer na equipa mais cedo (a primeira substituição foi aos 77’), por onde poderia fazer descansar jogadores com vista ao embate de segunda-feira (Ucrânia, que leva cinco pontos de vantagem, ainda que com um jogo a mais), acabando por dar quatro minutos a João Mário e um minuto a Rúben Neves – a que se juntaram mais três minutos de compensação).
E acabou por ser Gonçalo Guedes que (89’) a marcar o terceiro golo, no seguimento de um pontapé de canto, cuja bola foi devolvida para os pés do jogador luso que mais não fez do que a enfiar na baliza sem hipóteses para o guarda-redes.
Um resultado que se aceita, é mais do que justo e que deu uma boa nota geral para a equipa, que teve mais dificuldades em ultrapassar os obstáculos criados pelos luxemburgueses, pelo “excesso” de jogadores na zona defensiva.
Segunda-feira, na Ucrânia, tudo vai ser diferente e Portugal tem que entrar preparado para o embate inicial e saber tornear o caminho para chegar mais depressa à baliza e rematar pela certa, como referiu Fernando Santos: “vamos para ganhar”.
Sob a direcção do polaco Daniel Stefanski, auxiliado pelos assistentes compatriotas Marcin Boniek e Dawid Golis, as equipas alinharam:
Portugal – Rui Patrício; Nélson Semedo, Rúben Dias, Pepe e Raphael Guerreiro; João Moutinho (Rúben Neves, 90’), Danilo e Bruno Fernandes; Ronaldo, João Félix (João Mário, 88’) e Bernardo Silva (Gonçalo Guedes, 77’).
Luxemburgo – Moris; Bohnert (Daniel Sinani, 46’), Gerson, Chanot, Carlson e Jans; Olivier Thill, Vicente Thill (Stefano Bensi, 88’) e Barreiro Martins; Rodrigues e Turpel (Daniel da Mota, 59’).
Cartões amarelos: Barreiro Martins (9’) e Gerson Rodrigues (71’)