Quando menos se espera, a surpresa mais “incongruente” ou “espalhafatosa” aparece sempre, como se verificou nesta primeira etapa em estrada, que ligou Miranda do Corvo a Leiria, com um surpreendente jovem (20 anos) italiano a chegar na primeira posição com cerca de dois metros de avanço do quarteto que se seguiu.
Esta foi a segunda surpresa da 81ª Volta a Portugal Santander depois de, no primeiro dia, o vencedor do prólogo também ter sido, de alguma forma, menos esperado.
No momento mais oportuno David Appolonio “saltou” da penumbra e surgiu no escaparate final da etapa, pleno de pujança e alegria quase incontida. Para durar? O tempo o dirá.
Nos últimos três quilómetros, uma queda baralhou as contas dos principais candidatos ao triunfo que há muito vinham a preparar o assalto final, depois de 174 quilómetros a pedalar desde Miranda do Corvo.
Com uma pedalada vigorosa num terreno com alguma inclinação e numa longa recta, o homem da Amore & Vita começou a embalar e a passar os adversários ficando ligeiramente à frente e até com margem para festejar efusivamente a vitória. Daniel Mestre (W52-FC Porto) foi segundo e Mateo Malucelli (Caja Rural) o terceiro.
As contas da etapa não alteraram as primeiras posições da classificação geral e a Camisola Amarela Santander manteve-se com Samuel Caldeira (W52-FC Porto) que continua empatado com o suíço Gian Friesecke (Swiss Academy) e com Gustavo Veloso. Os três têm um segundo de vantagem sobre o francês Thibault Guernalec (Team Arkea) que lidera o Prémio da Juventude, Camisola Branca Jogos Santa Casa.
A partida desta etapa aconteceu na engalanada e estreante vila de Miranda do Corvo que abriu, pela primeira vez, os braços aos heróis da Volta. A curiosidade saiu à rua para ver o garrido das camisolas.
Mesmo os adversários (que no ciclismo são amigos) cumprimentaram o comandante da classificação que na véspera foi o melhor a contornar as rotundas de Viseu.
Partiram de Miranda do Corvo 130 homens com a certeza que a Serra da Lousã traria as primeiras dificuldades. Ainda o pelotão estava a acordar e já se via a trepar para a primeira das 33 montanhas deste ano. O basco Peio Goikoetxea (Equipo Euskadi), um dos quatro fugitivos que encabeçavam a corrida, meteu-se a jeito e tratou de ser o líder nessa contagem de primeira categoria, com quase 40 quilómetros, quando o quarteto levava 12 minutos de vantagem nesse momento.
Nada que atemorizasse o pelotão que foi…cantando e rindo e, claro, diminuindo a diferença para os quatro, mas enquanto isso não aconteceu Goikoetxea, já com o gosto da montanha, garantiu que ganhava outras contagens para chegar a Leiria e ir directo ao pódio vestir a Camisola Azul Liberty Seguros.
Depois de tantos quilómetros em fuga – quase a etapa toda – o quarteto começou a desfazer-se e, a faltarem menos de dez quilómetros para o fim, lá entregou a decisão da etapa ao “foguete” italiano.
Esta sexta-feira acontece a mais longa etapa da Volta 2019.
São 198,5 km com início na Marinha Grande que, após 29 anos, regressa à Volta.
O final da “maratona” vai ser empinado em Santo António dos Cavaleiros, freguesia do município de Loures, às portas da capital. É mais uma das estreias deste ano. Fica também esta curiosidade: desde 1983 que a caravana da Volta a Portugal não parava em Loures.