Quarta-feira 27 de Novembro de 2024

Gratidão, Admiração e Memória ou os três pecados dos portugueses

IMG_4302Na apresentação, esta quinta-feira, do livro intitulado “Há Vida Nas Estrelas”, escrito por Vítor Serpa, o actual director do Jornal A Bola, mais do que dissertar sobre os vinte e cinco capítulos (sobre outras tantas personalidades nacionais e internacionais do mundo do futebol e político), teve oportunidade de passar por questões simples quão complexas, como os princípios éticos, deontológicos e de integridade no âmbito do jornalismo, para o caso aplicado ao desporto.

Do facto de um “jornalista ser solitário”, Serpa abordou o que considera, de forma geral, os três pecados dos portugueses, o primeiro dos quais sobre a gratidão (“de que são poucos os portugueses que gostam”), da admiração (“o que também não é muito relevante”) e da memória (“que esquecem, facilmente a sua vivência”), quando se “não houver memória não há futuro”!

Nascido em Lisboa (freguesia de Belém), Serpa nasceu em 1951 e depois de uma frequência (não concluída) em Medicina, foi “desviado” para o jornalismo por via familiar (o pai era jornalista de “A Bola”, tendo entrado para o então “Diário Popular” em 1969, para iniciar funções no trissemanário da Travessa da Queimada em 1974.

A comemorar o cinquentenário como jornalista na área do desporto, Vítor Serpa começou a reunir factos e histórias que guardou todo este tempo para avançar para “Há Vida nas Estrelas”, onde salienta o que considerou os vinte e cinco “processos” da sua vida jornalística, calcorreando os cinco continentes de onde extraiu notas sobre figuras como, por exemplo, Alexjandro Scopelli (técnico de Os Belenenses, nos anos setenta), Joaquim Meirim (técnico das “novas experiências”), José Maria Pedroto (o mais carismático técnico do futebol português), Fernando Vaz (outro técnico de cariz acima da média nacional), Mário Wilson e Eusébio (dois dos mais prestigiados capitães da selecção portuguesa),José Torres (o “bom gigante” enganado), Artur Jorge (técnico mais avançado nos métodos de treino), José Mourinho (o “special one”), Jorge Jesus (outro “special” à sua medida), Pinto da Costa, Valentim de Oliveira, João Rocha, Jorge de Brito, Sousa Cintra, Jorge Gonçalves, Cabral Ferreira, Pedro Santana Lopes, Vale e Azevedo, Luís Filipe Vieira, Bruno de Carvalho (presidentes emblemáticos de vários clubes, com mais ou menos polémicas e ou divergentes, em função de determinados parâmetros), Maradona, Futre, Messi e Cristiano Ronaldo (jogadores de estirpe de primeira água nos seus tempos áureos) ou, para finalizar, Marcelo Rebelo de Sousa, antigo colaborador de “A Bola” e actual Presidente da República.

São textos que retractam as figuras de cada um, com larga história e que como salientou Vítor Serpa – integram a Memória de Portugal, naturalmente vista sobre prismas diferenciados mas com repercussão inolvidável nas nossas vidas, do presente e para o futuro.

Esta obra é o sétimo livro da Colecção Livros FPF, sendo parte integrante da missão da FPF em promover oportunidades de aprendizagem, produzir e divulgar conhecimento, bem como pensar a educação e a cultura, no âmbito daquele que é o seu principal objecto estatutário – a promoção, regulação e direcção do ensino e da prática do futebol, em todas as suas variantes e competições.

Bagão Félix, ex-político e colaborador, também do jornal “A Bola”, discorreu sobre o teor do livro e Jorge Jesus (técnico que está de regresso à Arábia Saudita, onde exerce funções) teve oportunidade de justificar que estava presente face ao relacionamento pessoal com o autor e a convite deste, frisando que “é um livro que defende o futebol, que deverá continuar a ser defendido de uma forma cultural, para bem de todos e da própria modalidade”!

É um livro que deve ser apreciado, lido e que pode servir de guião para um melhor futebol em Portugal, recomendando-se a sua leitura, agora que as férias estão a chegar.

 

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