Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz

DiaInter-Desporto-Desenvolv-Paz-6-4-2019O Comité Olímpico de Portugal (COP) participou, este sábado, nas comemorações do Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz organizadas pela Câmara Municipal do Seixal, Movimento dos Municípios pela Paz e Conselho Português para a Paz e Cooperação e que se assinalou este sábado.

José Manuel Constantino, presidente do COP, fez uma intervenção intitulada “Desporto, Paz e Ética”, na qual sublinhou que “o desporto como linguagem universal tem em seu proveito alguma capacidade diplomática que quando bem utilizada tem permitido ajudar a pacificar as relações entre estados, países e nações em conflito. O exemplo mais recente tem sido a aproximação das relações entre as Coreias, fazendo acreditar que o desporto tem ainda à sua conta alguma capacidade política de aproximar partes em conflito.”

O presidente do COP destacou ainda “a mobilização da comunidade desportiva no apoio a países devastados pela guerra, conflitos étnicos ou catástrofes naturais aproveitando o impacto mediático de um fenómeno global como é o desporto na provisão de recursos essenciais à reconstrução e desenvolvimento destes territórios.”

Em relação à actividade do COP enquadrada neste âmbito, José Manuel Constantino referiu o “programa de apoio que atingiu perto de um milhar de refugiados e deslocados em busca de asilo”, sublinhando que foram despendidos cerca de 300 mil euros com “verbas próprias e oriundas dos Programas da Solidariedade Olímpica e da Comissão Europeia sem qualquer esforço financeiro das autoridades portuguesas, que se limitaram a arrecadar as receitas fiscais ganhas através do apoio solidário.”

Na intervenção do presidente do COP, foi ainda citado o “apoio directo a dois refugiados com passado desportivo de mérito e que na modalidade de atletismo e de boxe procuram garantir a participação desportiva nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio”, iniciativa feita “sem qualquer acompanhamento das autoridades nacionais, político ou financeiro, de mecenas ou do tecido empresarial.”

Nas comemorações organizadas no Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, houve igualmente espaço para um torneio de Corfebol. Intervieram publicamente os presidentes da Câmara Municipal do Seixal, do Clube de Cultura e Recreio do Alto do Moinho e do Conselho Português para a Paz e Cooperação. Leonor Moniz Pereira, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, falou sobre Desporto Adaptado e Igualdade.

O Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz encerra em si a comunhão do Movimento Olímpico e Desportivo com a Comunidade Internacional, sob a égide cimeira das Nações Unidas, na promoção da universalidade do desporto ao serviço da aproximação dos povos, etnias e religiões, suprindo, de forma porventura única e incomparável, as mais diversas formas de discriminação e intolerância.

Este propósito de suma importância, e reconhecido interesse público, não surge, porém, de geração espontânea, nem todos os palcos, protagonistas e organizações do desporto são, na atualidade, agentes indutores desta dinâmica de desenvolvimento, sempre que replicam ou agem em sentido díspar daqueles que são os princípios universais que hoje se celebram.

Com efeito, colocar o desporto ao serviço do desenvolvimento humano, traduzindo este desígnio inscrito na Carta Olímpica, não dispensa alterações sobre as perspectivas como se vive e se está no desporto, e através do desporto na vida cívica, mas requer também o enquadramento e as condições estruturais que permitam aproveitar o potencial desta inestimável linguagem com o poder de influenciar o mundo, mobilizar multidões e congregar vontades.

Nesta medida, o papel dos Estados, a nível nacional e internacional, enquanto estruturas institucionais capazes de enquadrar populações, culturas, etnias e religiões afigura-se crucial para garantir ao desporto as condições estruturais que materializem este propósito de desenvolvimento, mormente num contexto de recrudescimento das crises migratórias e de nacionalismos que se revestem das mais incisivas formas de radicalismo.

Um processo de desenvolvimento social e paz é, como a história do Olimpismo o retrata, e recentemente se repetiu com as duas Coreias, a construção do caminho que aproxima o desporto do seu desígnio agregador e o afasta de uma caixa-de-ressonância de tensões e conflitos.

Uma responsabilidade partilhada entre todos os que o servem e as lideranças políticas, cívicas e religiosas que efectivamente queiram traduzir as palavras e os valores que nesta data se recordam, num compromisso activo neste caminho com enormes desafios.

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