O seminário internacional Jogos do Mediterrâneo para a Paz e o Desenvolvimento Social iniciou-se esta quarta-feira e terminará na quinta-feira, em Paço de Arcos, numa organização do Comité Olímpico de Portugal (COP), com a presença de dezassete comités olímpicos nacionais que integram o Comité Internacional dos Jogos do Mediterrâneo (CIJM).
Como “ordem de trabalhos”, o debate de temas como a educação e o desenvolvimento social no interesse dos atletas e dos Jogos do Mediterrâneo; as formas de compatibilizar o desporto de alto rendimento com os estudos, numa carreira dual; a educação Olímpica e a inclusão social através do desporto.
Neste primeiro dia dos trabalhos, José Manuel Constantino, presidente do COP, referiu que “esta organização consolida a presença de Portugal na família mediterrânica e contribuirá para aprofundar o conhecimento do Mediterrâneo, ultrapassando as fronteiras físicas”.
Em 2018, uma missão portuguesa, com mais de duas centenas de atletas, organizada pelo COP, participou pela primeira vez nos Jogos do Mediterrâneo, o que foi sublinhado por Amar Addadi, presidente do CIJM, na intervenção de abertura.
Marwan Maghur, membro do Comité Executivo do CIJM, interveio no seminário, citando Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional: “O desporto não é apenas uma actividade física, trata-se de uma ferramenta educacional”.
E sublinhou os esforços para acrescentar paridade aos Jogos do Mediterrâneo, lembrando que em Tunis 1967 participaram 38 atletas do género feminino, enquanto em Tarragona 2018 foram 1468, incluindo 221 de países árabes. “Mas há ainda muito trabalho a fazer”, porque alguns países não incluíram qualquer mulher nas suas equipas em Tarragona.
O director executivo dos Jogos do Mediterrâneo de 2018, Victor Sánchez, fez o balanço da competição, assumindo que “Tarragona foi um ponto de viragem”, desde logo porque o programa competitivo passou de “19 para 31 modalidades e disciplinas.”
Sánchez lembrou que o CIJM cresceu com a entrada de Portugal e Kosovo, o que aumenta o alcance da organização. “Agora somos 26, com milhões de pessoas, os nossos jogos podem contribuir para um mundo melhor.”
Em Tarragona 2018 participaram 3648 atletas, mais 2010 oficiais, no ano em que os Jogos do Mediterrâneo sofreram o atraso de um ano na sua organização, devido aos problemas políticos ocorridos em Espanha, nomeadamente na Catalunha. “A mudança na frequência da organização dos Jogos – não no ano imediatamente a seguir aos Jogos Olímpicos, mas dois anos depois – teve um efeito positivo, apesar de ter acontecido acidentalmente”, defendeu o director executivo de Tarragona 2018, que deixou igualmente um desafio no seminário: a organização do Congresso dos Jogos do Mediterrâneo. “O que somos e para onde queremos ir?” são as questões que se colocam 70 anos depois do início da organização.
Massimiliano Montanari, director executivo de Save the Dream, Ricardo Bendito e João Rodrigues, da Comissão de Atletas Olímpicos, intervieram no painel em que estiveram em causa as carreiras duais dos atletas, por formar a tornar o desporto e os estudos compatíveis.
Ricardo Bendito revelou que, em Portugal, apenas 7% dos atletas considera não ter dificuldades em compatibilizar as duas actividades.
No tratamento deste problema foi destacado que existe pouca flexibilidade, nomeadamente dos professores nas universidades. “Tratam-se os sintomas, não as causas e os atletas muitas vezes estão pouco mobilizados.”
No futuro, em causa estará o desenvolvimento da literacia financeira dos atletas e a sua motivação para se tornarem empreendedores.
Rita Nunes e Joaquim Videira, do Departamento de Estudos e Projetos, explicitaram no seminário o Programa de Educação Olímpica do COP, identificando as actividades desenvolvidas com escolas, alunos e educadores, bem como os meios didácticos disponibilizados, sempre tendo os valores olímpicos da Excelência, da Amizade e do Respeito por faróis.
Mais de 50 000 mil participantes estão actualmente envolvidos no Programa.
Maria Machado, gestora do projecto Viver o Desporto, Abraçar o Futuro, uma ferramenta privilegiada para integrar refugiados na sociedade portuguesa, abordou a inclusão social através do desporto.
Os participantes no seminário foram então chamados a pronunciar-se sobre os programas sociais que cada comité olímpico nacional desenvolve para promover a inclusão, com os casos de Itália e Grécia em destaque, por terem acolhido mais de 100.000 refugiados em cada um dos territórios.