Marcelo Rebelo de Sousa foi distinguido com o título de Sócio Honorário no âmbito das comemorações dos 100 anos de vida desta popular e importante – sob vários e importantes vectores da sociedade portuguesa – colectividade que ao país consagrou alguns atletas olímpicos desde a sua fundação.
Entre os agraciados com condecorações estão ainda o Prof. Henrique Reis Pinto (a título póstumo), que “nasceu” para a ginástica neste clube – conforme frisou a família – a quem se deve o treino de muitos campeões nacionais e internacionais, bem como o Prémio Dragão de Ouro – entregue pela primeira vez – ao associado mais antigo (75 anos de fidelidade), a Carlos Pina.
Referência especial recaiu também sobre a olímpica Ana Rente (por três vezes) e Gustavo Simões (frustrado por não se ter estreado no Rio de Janeiro por motivos de lesão), que terminaram a carreira desportiva e vão continuar lado a lado mas como marido e mulher (de um namoro que começou em 2007), união que vai ficar ainda mais forte porque a curto prazo vão ser pais. Foram agraciados com a Placa de Reconhecimento.
Ao todo foram distinguidos 165 atletas, técnicos, dirigentes e associados, fazendo recordar a vida social que se viveu nas colectividades de cultura, recreio e desporto de outros tempos, em que o ambiente social fortalecia a vida de cada um e de onde saíram grandes nomes de políticos e desportistas portugueses.
Vicente Rodrigues, presidente da Assembleia Geral, recordou os momentos difíceis em que o clube foi fundado no ano a seguir ao final da primeira guerra mundial (1914-1918) – o centenário da assinatura do armistício é celebrado no dia 11 deste mês de Novembro – ideal que foi protagonizado por João de Matos Corte-Real da Câmara Mouat e de José dos Santos Cadeiras, numa reunião havida precisamente a 4 de Novembro de 1918, que juntou mais uma dezena de outras personalidades residentes na área de Arroios, onde “terminava” a cidade edificada.
Por seu lado, Jorge Marcelo, presidente da Direcção, manifestou o regozijamento por ver o ginásio do clube repleto de associados e convidados, no que foi uma tarde ímpar (completada com o jantar de gala) que também fica na história do Lisboa Ginásio Clube.
“Passam 36.525 dias – referiu com o seu quê de inovação – sobre o dia em que um grupo de visionários, ainda com o mundo a começar a sarar as feridas da guerra, decidiu criar esta colectividade, porque preocupados, já nessa altura, com o corpo e a actividade física e também cultural”, tendo acrescentado que “é uma enorme alegria distinguir todos aqueles e aquelas que muito deram ao longo de todos estes anos para atingirmos um currículo que considero, sem falsa modéstia, brilhante pelos feitos alcançados pelos nossos representantes em competições de todos os níveis, incluindo a presença em Jogos Olímpicos.”
Jorge Marcelo finalizou afirmando que “considero que o Lisboa Ginásio Clube fez, com estes actos, justiça ao trabalho que todos desenvolveram e, em especial, reconhecer a contribuição que muitos, ainda que fora do âmbito do próprio clube, deram para completarmos o centenário. Caminhamos já para o segundo, certo de que não será fácil mas que aqueles que tomarem nas mãos o destino do clube saberão, sempre, honrar os mais antigos e angariar os novos dirigentes para se atingirem mais objectivos”.
Na oportunidade, Augusto Flor, presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, outorgou a Medalha de Mérito e o Diploma do Centenário ao Lisboa Ginásio Clube, tendo João Paulo Almeida, presidente da Federação de Ginástica de Portugal, enaltecido o extraordinário trabalho desenvolvido pelo clube na promoção e divulgação das várias disciplinas da modalidade, enquanto Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, rematou afirmando que “o Lisboa Ginásio Clube é muito mais do que um clube desportivo, sendo uma instituição social, de formação de cidadãos activos colocando muito acima os valores do desporto”.
É preciso rejuvenescer para criar mais e melhor. Esta é outra grande tarefa que o clube terá de ir fazendo com alguma “velocidade”, porquanto os actuais dirigentes (de uma forma global em todo o país) escasseiam dia a dia. Ainda assim, deve louvar-se o que tem sido feito, com sofrimento mas com a certeza de que se tem feito o melhor para este país.