Ao derrotar (3-2) a Polónia, Portugal abriu meia porta para estar presente no grupo final (os vencedores de cada um dos quatro grupos da Divisão A) da Liga das Nações, que vai proporcionar mais de dez milhões de euros ao vencedor, prémio para o qual Portugal é candidato assumido.
No magnífico estádio do principal centro do futebol polaco (quase lotado), Portugal deu mais uma lição de como se joga futebol, numa partida que até começou mal (desatenção de Patrício deu origem ao primeiro golo do desafio) mas que acabou em beleza (depois de uns tremeliques pelo meio) porquanto os homens das quinas ao peito podiam ter chegado ao 5-2, demasiado, é verdade, mas as oportunidades existiram e de baliza aberta.
Com a bela exibição lusa, cuja “operação” no primeiro tempo foi de 55/45 % de posse de bola a seu favor, não se deu pela falta de ninguém, até porque a equipa apenas é composta por onze elementos e, verdade seja dita, a “new wave” do futebol nacional marca pontos atrás de pontos de uma forma “tão fácil” que dá gosto.
A supremacia portuguesa começou desde o primeiro apito do árbitro porquanto Cancelo criou (3’) uma oportunidade de golo que não resultou porquanto André Silva ficou atrás do guarda-redes, cabendo a este agarrar a bola.
Aproveitando a “disponibilidade” do lateral Cancelo para subir sempre que quisesse, a verdade é que foi pela “direita” que nasceram os golos de Portugal, mas depois de estar a perder (1-0) com o golo marcado por Piatek (18’), na sequência de um pontapé de canto em que a bola foi até ao poste mais longe, onde Patrício se “atrapalhou” e não saltou – por certo que agarrava a bola – nem Cancelo teve “altura” para saltar com Piatek, que cabeceou pela certa.
Apesar disso, o ânimo da alma lusa manteve o “pé na tábua … e a fé em Deus” e, três minutos depois, podia ter empatado, depois de um passe longo de Rafa mas ao qual não responderam André Silva, Bernardo Silva e Pizzi, cuja bola passou perto deles e nenhum estivou a perna para ver se metia a bola na baliza.
A tomar conta do jogo – os polacos perderam alguma ousadia face à vantagem no marcador – Portugal começou a falhar muitos passes entre os jogadores que, numa ou duas vezes, deram em contra-ataques que acabaram por ser anulados mas que que criaram alguns arrepios.
Com naturalidade, face à maior qualidade de jogo, a equipa nacional chegou ao empate (1-1) com um golo (31’) de André Silva (cuja veia marcadora já é uma marca forte quer na selecção quer no campeonato espanhol, onde já marcou sete), que deu o melhor caminho a um passe rasgado de Pizzi, surgindo isolado frente ao guarda-redes e rematando para o fundo da baliza.
Mantendo o “forcing”, Pizzi (33’) rematou fora da área mas fraco e à figura do guarda-redes para (35’), numa jogada de supremacia numérica, Rafa surgiu rematou mas frouxo e à figura do guardião polaco.
Uma falta (de cariz perigoso – levantar o pé à cara do jogador, ainda que sem intenção de o atingir) desnecessária, obrigou o árbitro (37’) a mostrar um amarelo a André Silva, mas “estava escrito” que, mais minuto menos minuto, a formação lusa voltaria a marcar.
Tal pensamento, tal feito! Rúben Neves lançou para Rafa na cara do guarda-redes, fintou-o pela direita, ficou momentaneamente só e ia rematar quando surgiu, por trás, o defesa Glik que chegou primeiro à bola mas direitinha para o fundo da sua própria baliza, colocando Portugal a vencer por 2-1.
Poucos minutos do reatamento, Bernardo Silva deu “show” digno de ser ver ao avançar pela direita, fintar um, dois, fez a viragem para a esquerda onde fintou mais dois (um de cada vez) – sempre com o pé esquerdo – surgindo no lado contrário a rematar forte e a fazer a bola a entrar (42’) bem junto ao poste, sem hipótese de defesa para o guardião polaco. Uma bela jogada, colocando o resultado em 3-1.
Portugal continuou a dominar, ainda que de forma mais selectiva, dando pouco espaço de progressão aos polacos, mantendo uma estratégia mais “congeladora” face aos dois golos de vantagem.
Um golo (77’) que não devia ter sido validado, porquanto a bola saiu do terreno de jogo sem que o assistente do lado contrário à bancada principal assinalasse o facto, o que deu origem ao 2-3, depois de o “artista” da bola fora – Fabianski – se aproximar da linha final e cruzar para a pequena área, levando a bola a ser desviada por Pepe para o lado contrário, onde surgiu Blaszczkowski a rematar forte e sem defesa para Rui Patrício.
Portugal recompôs-se rapidamente, “afinou” a estratégia e Renato Sanches – a passe de André Silva – podia (83’) ter feito o 4-2 mas a bola foi desviada por um defesa para a linha final.
Pouco depois (89’), Renato Sanches volta a ter oportunidade de marcar, desta vez enchendo o pé e a obrigar o guarda-redes polaco a desviar por cima da barra.
Em cima do minuto 90’ foi Bruno Fernandes, que com a baliza aberta atirou “desabridamente” por cima da barra.
Nos quatro minutos de compensação nada aconteceu de significativo e o resultado manteve-se, o que foi excelente porquanto os mais jovens estão a impor-se com relativa facilidade, o que demonstra que o tempo é de renovação e de mente sã.
Questionamos, no entanto, o facto de Fernando Santos apenas nos últimos cinco minutos ter substituído dois jogadores (Rafa e Bernardo Silva), quando o devia ter feito antes.
Fernando Santos, seleccionador nacional, referiu ao site da FPF que “entrámos muito bem no jogo, com muito boa circulação de bola e a tirar a selecção polaca do jogo. Sofremos um golo que habitualmente não sofremos, mas sabíamos que nas bolas paradas que eles marcavam. É uma equipa muito forte na transição, joga muito compacta e é perigosa em contra-ataque, mas jogámos muito bem, com muito boa circulação e intensidade”.
Acrescentou, de seguida, que “na segunda parte, disse aos jogadores para manterem o ritmo e fizemos o 3-1, mas, a partir daí, já houve algum deslumbramento, sem a mesma dinâmica de posse e sem criar tantos desequilíbrios, e a entrada dos dois alas da equipa polaca alargou muito o campo, e sofremos um golo que gerou um período de sufoco. Mesmo assim, na parte final, as duas grandes oportunidades são nossas. Foi um resultado justo para Portugal”.
O jogo foi dirigido por uma equipa espanhola, liderada pelo árbitro Carlos Del Cerro – que esteve à altura do jogo, com nota positiva – e a equipa nacional alinhou da seguinte forma: Rui Patrício; Cancelo, Pepe, Rúben Dias e Mário Rui; Rúben Neves, William e Pizzi (Renato Sanches, 75’); Rafa (Danilo, 85’), André Silva e Bernardo Silva (Bruno Fernandes, 90’).
André Silva (37’), William (67’) e Pepe (74’) foram admoestados com cartão amarelo.