Foi de forma curta, precisa e concisa que Maria José Martinez-Patiño, Assessora Científica do Painel de Experts da Comissão Médica do Comité Olímpico Internacional – entre outras qualificações de elevado nível em instituições como no Tribunal Arbitral do Desporto, na Real Academia Olímpica Española do Comité Olímpico de Espanha e atleta internacional e membro da equipa olímpica espanhola – abordou o tema “Intersexualidade e Transsexualidade no Desporto de Alto Nível: Onde está o limite?”, que decorreu esta terça-feira no Comité Olímpico de Portugal.
Ainda que seja um assunto cada vez mais actual – a Associação LGBT esteve presente e deu a conhecer as preocupações que também neste âmbito – e muito mais abrangente do que se poderá pensar, a verdade é que o auditório olímpico quase encheu e, pode dizer-se, valeu a pena escutar a intervenção da oradora como as questões colocadas por vários dos assistentes.
Maria José Patiño tinha a lição bem estudada pelo que foi entendida de uma forma geral, tanto mais que, quando atleta, à antiga internacional espanhola foi detectado que era uma mulher com o cromossoma 46,XY, com síndrome de insensibilidade androgénica (AIS), tendo sido submetida a vários testes de género (se masculino se feminino) em 1983, no decorrer do mundial de atletismo, tendo recebido o respectivo certificado de “feminilidade”, documento que na altura se usava.
No entanto, segundo nota na Wikipedia, Maria José falhou no teste de cromatina sexual em 1985 e, portanto, foi considerada inelegível para participar no atletismo feminino. O teste foi realizado durante os Jogos Mundiais Universitários de 1985 em Kobe, no Japão, teste de cromatina sexual que era, na época, o primeiro passo no processo de verificação de género.
Foi posteriormente classificada como “masculina” em função do saber que o seu cariótipo era o referido 46, XY, se bem que não proporcionasse qualquer tipo de vantagem, de nada valendo os protestos na altura, pelo que teve que deixar de fazer o que mais gostava: atletismo.
Apesar de não poder praticar, não deixou de continuou a lutar contra sua expulsão e, em 1988, foi defendida pelo cientista genético Albert de la Chapelle, tendo a sua licença renovada pela IAAF, como mulher.
Pelo que se deduz, o que referiu teve rasgado elogio pela imperativa e selectiva intervenção, ao ponto de ter salientado que, em Portugal e durante o ano de 2017, nasceram 86.154 bebés, acrescentando mais 21 com DSD (Desvantagem Desportiva).
O Prof Gentil Martins voltou a salientar algumas debilidades que ainda existem sobre este processo, tendo João Paulo Bessa questionado sobre o rugby, agora que a modalidade var ser olímpica em Tóquio’2020, estando já definido que até aos Jogos o Comité Olímpico Internacional vai publicar os normativos sobre estas matérias.
Na segunda parte, foi apresentado o livro intitulado “Desporto, Género e Sexualidade”, contendo textos elaborados por José Manuel Constantino, Ana Bispo Ramires e Ana Costa Barreto, João Paulo de Almeida, Francisco Sobral; Manuel J. Coelho-e-Silva, Diogo Martinho e Robert M. Malina; Paula Silva e Paula Queirós; António José Silva e Cipriano Lucas, Rita Nunes; Giovana Capucim e Silva e Salomé Marivoet; Carmen Rodriguez Fernandez e Pilar Colás-Bravo; Miguel Nery e Carlos Neto; Joana Alexandre e Rute Agulhas, que abordaram diversos temas relacionados com o desporto, género e sexualidade, editado pela Visão e Contextos, Edições e Representações, Lda.
Esteve bem, uma vez mais, o Comité Olímpico de Portugal pela ousada de debater um tema que
Tem sido visto por vários prismas mas ainda com alguns problemas para se concretizar.