Quinta-feira 23 de Novembro de 4541

Inês Henriques, a Rainha das rainhas

Inês Henriques 2018

DR

Como diz o ditado “os Homens não se medem aos palmos”, muito menos isso se pode aplicar às Mulheres, até porque grande parte das enormes campeãs são de estatura baixa (recorde-se o ícone que continua a ser a Rosa Mota) como se verifica, uma vez mais – desde 2017 – com a Inês Henriques que, ontem como hoje, voltou a fazer saltar os “genes” que a confirmam como a campeoníssima de Portugal e da Europa (mundial também já foi) na maior distância de uma prova que integra o calendário mundial e que passará a ser olímpica em 2020.

Esta terça-feira, Inês confirmou o que referiu antes da partida para Berlim, de que ia marchar para as medalhas, se bem que, lá no fundo do seu pensamento, o que queria era o ouro. Outro sonho concretizado aos 38 anos, idade referida apenas por mera curiosidade, porquanto Inês se considera uma jovem pronta para estar em Tóquio daqui a dois anos.

E m Berlim, Inês partiu na frente e no primeiro lugar chegou (25 voltas a um percurso de 2 km). Salientou que teve alguns problemas (quem não os tem em alto rendimento) mas que conseguiu suportar tudo no decorrer dos 50 km. Distância que foi percorrida em 4.09.21 (recorde dos campeonatos porque foi a primeira vez que se realizou) – um aparte para referir que a terminação 09-21 é de felicidade para quem os consegue fazer, porque Carlos Lopes, quando foi campeão e bateu o recorde olímpico, fê-lo com 2.09.21, em Los Angeles, em 1994 – metodicamente à média de 48 minutos e picos até aos 40 km (48,10 nos primeiros dez; 48.21 até aos 20 km; 48.38 até aos 30 km; 49.58 até aos 40 km), aqui já em fase descendente quando começou a ficar isolada e, na sequência dos dois quilómetros de vantagem que conseguiu, foi desacelerando porquanto acabou os últimos 10 km em 54,05).

Juntar o útil ao agradável e ao êxito final, sem dúvida são poucos os que conseguem – pelo menos pela afirmativa que a Inês sempre utiliza nos seus diálogos – o que é demonstrativo que a altura não interessa para nada.

Inês deixou as outras heroínas que subiram ao pódio bem longe, como foram os casos da ucraniana Alina Tsviliy (4.12.44, o que é um novo recorde deste país) e a espanhola Julia Takács (4.15.22), o que diz bem de uma superação com transcendência. O mais no melhor!

Foi a 14ª medalha de ouro para Portugal a nível de campeonatos europeus, a que se juntam ainda mais 13 de prata e 8 de bronze, completando agora 35 medalhas. O que não é para muitos países, que tenham uma dimensão geográfica como a nossa, com um número de praticantes do nosso calibre.

Se no primeiro dia (segunda-feira) Portugal ficou agradado pelos apuramentos noutras disciplinas, não há dúvida que o segundo (esta terça-feira) Portugal subiu aos píncaros da lua com o ouro de Inês, cujos ecos parecem ter tudo efeitos não positivos nos atletas que estiveram em compita ao longo deste dia, porquanto uns foram eliminados sem chegar às finais e outros obtiveram resultados multo aquém do que se previa. Sabemos do estado de “stress” de cada um, mas fazer os mínimos só para estarem presentes – alguns até numa luta, sem sentido, de quererem r na história como os que mais vezes estiveram em europeus, mundiais e Jogos Olímpicos – não faz sentido.

A superação e a transcendência não são figuras meramente retóricas. São para fazerem, sempre, mais e melhor, em especial nas competições referidas.

EuropeuAtlet_Mascote2018Outro atleta que também se superou foi o velocista Ricardo dos Santos, que bateu o recorde de Portugal, com o registo de 45,55, menos 19 centésimos do que tinha conseguido como mínimo alcançado este ano, garantindo um lugar nas meias-finais, tendo hipótese de chegar à final se recuperar e voltar a correr a este nível, dado que tem margem para isso.

Aliás, o que levou a Federação de Atletismo a “recomendar” que não fosse aos 200 metros, porque no mesmo dia da meia-final dos 400, o que o atleta e o respectivo técnico acataram, quiçá pelo tempo que agora realizou, que foi o 4º entre as mais de três dezenas que participaram.

Nas três meias-finais e para ser apurado directamente Ricardo terá que ficar em primeiro ou segundo lugar. Ou então aguardar que o tempo final corresponda aos dois melhores entre todos a seguir a esses seis primeiros. Não será fácil mas é possível.

Seguindo a ordem das provas desta terça-feira, Pedro Isidro e João Vieira também participaram na final directa dos 50 km marcha, tendo o primeiro obtido o 24ºlugar (entre 31 participantes, dos quais 9 desistentes e um desqualificado) com o tempo de 4.11,44, enquanto João Vieira desistiu ao 24º quilómetro, quando seguia na 14ª posição. A prova foi ganha pelo ucraniano Maryan Zakalnytskyy, com 3.46.32.

Pelas eliminatórias ficaram Eliana Bandeira, no lançamento do peso (22ª entre 23, com 15,18) para onde partiu com um “explosivo” mínimo a 16,63, caminho seguido também por André Pereira (27º e último nos 3.000 obstáculos, com 8.54,63, havendo a registar dois desistentes) bem longe do mínimo de 8.39,19.

Da parte da tarde, Lorene Bazolo ficou no oitavo lugar na terceira meia-final dos 100 metros, com 11,46 (bem longe dos 11,21) e foi eliminada.

Caminho também seguido pelos três atletas masculinos, igualmente nas meias-finais. O melhor voltou a ser Yazaldes Nascimento, que correu a distância em 10,22 (sendo 3º na segunda série mas ficando no 10º lugar, a dois do apuramento para a final), enquanto Carlos Nascimento, o que melhor registo tinha (10,13) acabado na 6ª posição da primeira série, com 10,31, enquanto José Pedro Lopes foi também 6º mas na terceira série, com 10,40, ainda assim relativamente perto do mínimo de 10,32 que tinha alcançado.

Nestas meias-finais, o britânico Z. Hughes bateu o recorde do campeonato ao completar o hectómetro em 9,95.

Na final directa dos 10.000 metros, o jovem Samuel Barata – denotando alguma inexperiência a este nível – “esteve” na prova até cerca dos 8.000, quando o espanhol Mechaal – que se sagrou campeão – se lançou na frente, a tentar descolar do pelotão, o que conseguiu ao imprimir um andamento bem rápido, que o representante português não conseguiu acompanhar e acabou por desistir pouco depois.

Nesta prova participou um francês de origem portuguesa, F. Carvalho, que foi 8º com 28.29,78, registo bem pior que o mínimo feito por Samuel (28.24,85).

Na final do lançamento do peso, última prova com portugueses neste segundo dia, o recordista nacional (21,56) Tsanko Arnaudov, embora tivesse melhorado lançamento a lançamento (19,93, 20,05 e 20,33) não foi além do 9º lugar, recordando-se que, há dois anos, conquistou a medalha de bronze.

O medalheiro é comandado pela Polónia, com duas medalhas de ouro e duas de prata, seguindo-se a G. Bretanha (duas de ouro e uma de prata), Ucrânia (uma de ouro e uma de prata) e Portugal e França, ambas com uma de ouro.
Catorze países já conquistaram medalhas nestes dois primeiros dias.

Esta quarta-feira, Patrícia Mamona (recordista nacional com 14,65), Susana Costa (segunda melhor portuguesa com 14,35) e Lecabela Quaresma (13,90 como melhor registo pessoal, embora não seja especialista) vão tomar parte na qualificação para a final do triplo salto, pelas 10 horas de Portugal (RTP2), onde também poderão seguir os outros portugueses em competição.

Seguir-se-á (10h30) Cátia Azevedo nas eliminatórias dos 400 metros, para onde parte com um recorde pessoal de 51,63.

Da parte da tarde, duas finais com portugueses.

A primeira (18h30), com Ricardo dos Santos na final dos 400 metros, com o atleta a almejar apurar-se para a final, para o que deverá ter que fazer melhor que os 45,55, porquanto tem dez atletas como melhor registo do que o seu. E só se apuram oito.

A fechar a sessão (19h40) com Sara Moreira (foi campeã europeia da meia-maratona em 2016), Inês Monteiro e Catarina Ribeiro na final dos 10.000 metros, partindo, por ordem, com os seguintes registos pessoais: 31.12,93 (2017) e 32.10,52 (este ano); 31.13,58 (2017) e 32.20,72 (este ano); e, em estreia a nível de europeus, com 32.21,19 (2018).

Este será o filme do terceiro dia do europeu de atletismo, que decorre na cidade de Berlim (Alemanha), ainda que integrado nos Europeus Globais (com mais seis modalidades) que se efectuam em Glasgow (G. Bretanha).

 

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