Cumprida a terceira etapa da 80ª Volta a Portugal Santander, a camisola amarela mudou de corpo e passou para o espanhol Raúl Alarcón (W52-FC Porto), depois da prova realizada neste sábado, entre Sertã e Oliveira do Hospital, numa distância de 175,9 km.
Desta vez “esperou” pelo quarto dia para atacar e ganhar vantagem sobre todos os adversários. Na chegada a Oliveira do Hospital o espanhol conseguiu 30 segundos de vantagem sobre Vicente de Mateos (Aviludo-Louletano-Uli) e 42 sobre Joni Brandão (Sportig-Tavira, diferenças que ditaram a liderança da 80ª Volta a Portugal Santander.
A Etapa Vida, jornada solidária com 177,8 quilómetros que começou na Sertã, atravessou os concelhos mais atingidos pelos incêndios do ano passado e terminou em Oliveira do Hospital, foi marcada pelo domínio azul e branco.
A equipa dirigida por Nuno Ribeiro instalou-se na frente do pelotão para controlar uma fuga que foi perdendo elementos durante as primeiras montanhas até que um sexteto tentou a sorte. O esforço de Filipe Cardoso (Rádio Popular-Boavista), Guy Niv (Israel Cycling Academy), Fredrik Ludvigsson (Team Coop), Benat Toxoperena (Euskadi-Murias), Jon Irisarri Rincon (Caja Rural) e Christophe Masson (WB AquaProtec-Veranclassic) pareceu sempre estar condenado ao fracasso.
Com uma subida de terceira categoria e outra de quarta nos últimos 15 quilómetros, a chegada que se esperava selectiva acabou por deixar Alarcón com uma liderança de 28 segundos após esta terceira etapa.
Foi o espanhol quem lançou o ataque com Vicente García de Mateos, Joni Brandão, Edgar Pinto (Vito-Feirense-BlackJack) e Henrique Casimiro (Efapel) – todos candidatos na luta pela geral – a responderem, mas nunca mais ninguém parou o espanhol. Tínhamos planeado atacar na parte final. Tentei na subida, mas não foi possível. Consegui na descida”, referiu satisfeito Alarcón.
O anterior líder, Rafael Reis (Caja Rural-Seguros RGA) perdeu tempo e desapareceu dos principais lugares da classificação geral. Na meta de Oliveira do Hospital foi brindado com um caloroso aplauso da multidão.
Entretanto, o presidente da República Marcelo Rebelo de Susa voltou à Volta, desta vez receber o novo comandante da Volta, a quem fez a entrega da camisola amarela ao vencedor da etapa desta sexta-feira.
“Esta etapa tem um significado muito especial. É uma etapa pela vida e pela solidariedade. E com este calor é duplamente significativa. Queria agradecer ao Joaquim Gomes, aos ciclistas todos, ao vencedor que ficou com a camisola amarela porque foi um esforço brutal, às piores horas, com a temperatura mais elevada. Também isso foi um sinal de solidariedade. Não há desporto em Portugal sem a Volta. Porque a Volta diz tanto a Portugal há tantos anos. Eu era criança e praticamente nasci a discutir os campeões da Volta”, afirmou Marcelo em mangas de camisa rodeado de jornalistas.
O presidente, em período de férias, não quis passar ao lado da Etapa Vida e juntou-se à causa solidária organizada pela Volta a Portugal que abdicou das receitas provenientes desta terceira etapa. Esta iniciativa tornou-se possível, sem qualquer custo ou encargo financeiro para os municípios, devido ao apoio de alguns dos patrocinadores da Volta – Santander, Liberty Seguros, Altice, Jogos Santa Casa e Brisa. O Turismo do Centro e a Fundação Desporto, também foram aliados nesta justa causa ao financiarem a acção de solidariedade. Para além de Marcelo Rebelo de Sousa, muitas individualidades como o Ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, bem como o secretário de estado do desporto, João Paulo Rebelo, estiveram em Oliveira do Hospital.
Perante as temperaturas altas que têm castigado o pelotão e para diminuir o índice de dificuldade, a organização da Volta a Portugal decidiu anular a subida à Torre prevista para a etapa deste domingo. O pelotão irá subir as Penhas Douradas e o percurso regressará ao previsto em Manteigas, com a chegada a permanecer nas Penhas da Saúde. A mudança implica um corte de 27,1 quilómetros. Serão 143,3, que vão começar na Guarda às 13 horas.