Depois de ter batido o recorde mundial por duas vezes num curto espaço de tempo e de se ter sagrado campeã mundial, Inês Henriques não teve os “deuses” neste mundial de países, que se desenrolou em Taicang (China).
Depois de ter feito parte do grupo líder da prova até cerca dos 25 km, Inês começou como que a “marchar para trás” e aos 29 km foi obrigada a desistir porque a mente não conseguiu controlar o corpo, que deixou de ter consistência para chegar até ao fim com outro recorde e outro triunfo, pese embora, no mundo da psicologia, raras são as vezes em que tudo isto acontece em simultâneo.
A forte pressão do subconsciente torna-se superior ao consciente, entram em fricção sem que o atleta consiga perceber e quando se cai na realidade (quando os sinais começam a aparecer) é que os atletas percebem que qualquer coisa não está bem e, pior, que já não força anímica para retornar ao ritmo que seria desejável.
Isto não se coloca apenas à campeã – que será sempre – Inês Henriques mas, desta vez, caiu-lhe sobre os ombros, deixando-a depauperada em relação ao sonho que tinha (de ser campeã e, se possível, manter o recorde por mais algum tempo).
Só se espera que recupere, dependendo da forma como encarar este facto, o primeiro após 26 anos de carreira e o que vai querer para o futuro. Qualquer que seja a decisão que tome, por certo não será fácil. E ser mulher torna as coisas mais complicadas, porque há “timings” que devem ser cumpridos.
A nova campeã, a jovem chinesa – país que mais cedo ou mais tarde voltaria a dominar a disciplina – foi Rui Liang, com 4.04.36, uma estreia com novo recorde mundial (sujeito a homologação como é evidente) que tirou mais de um minuto à marca alcançada por Inês (4.05.56), no mundial de Londres.
Em termos colectivos, triunfo da China.
Nos 50 km para o sector masculino, Pedro Isidro também não chegou ao fim, prova que foi ganha pelo japonês Hiroki Arai (3.44.25), japoneses que também venceram colectivamente.
Posto isto, Ana Cabecinha foi a melhor portuguesa, em termos de absolutos, porquanto foi 18ª nos 20 km (1.30.39), ainda que muito longe dos lugares que tem conseguido em competições internacionais (entre os oito primeiros), em prova ganha pela mexicana Maria Guadalupe Gonzalez (1.26.38)
Edna Barros (45ª com 1.35.03) e Mara Ribeiro (72ª com 1.42.18) fecharam a equipa nacional que obteve o 10º lugar, com o triunfo colectivo a pertencer à China.
Nos 20 km masculinos, João Vieira foi o melhor português (35º com 1.26.59), também longe dos melhores lugares de honra que alcançou na também longa carreira, em competição ganha pelo japonês Koki Ikeda (1.21.13), cabendo também ao Japão a vitória colectiva.
Miguel Rodrigues (41º com 1.27.47) e Miguel Carvalho (69º com 1.32.41) completaram a formação lusa, que foi 12ª por equipas.
Nos 10 km (juniores), Paulo Martins foi o único português (37º com 44.59) em que o chinês Yao Zhang foi o vencedor (40.07). Por equipas ganhou a China.
No feminino, Maria Bernardo obteve um bom 14º lugar (48.50, novo recorde pessoal) em prova ganha pela mexicana Alegna Gonzalez (45.08). Por equipas venceu a China. Joana Pontes foi 21ª (50.50), enquanto Inês Reis desistiu.
Partucioaran 386 atletas (220 homens e 166 mulheres) de 49 países.